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A pesquisa painel: do analógico ao digital

Vivemos em um mundo de constantes mudanças, onde tudo muda, o tempo todo… Novas tecnologias nos invadem a todo momento e fazem com que alternemos, principalmente, a forma de nos comunicarmos. Até as técnicas de pesquisa acompanharam estas transformações. As pesquisas painéis tradicionais (consideradas neste artigo como “analógicas”) estão sendo substituídas por pesquisas painéis digitais.

A pesquisa painel “analógica” consiste em um tipo de levantamento de campo padronizado, onde são acompanhados, de forma contínua e por longo período, um mesmo grupo de painelistas (respondentes), que podem participar sobre um ou vários temas distintos.

Há pouco mais de uma década, a pesquisa painel se dava através de contatos pessoais, entrevistas por correio, por telefone ou mesmo por e-mails. Já naquela época estimava-se ser uma metodologia mais econômica, pois um mesmo número de pessoas, agrupadas por semelhanças demográficas, estilo de vida e hábitos de consumo, era pesquisada várias vezes, respondendo sobre vários temas. Os painelistas assumiam um compromisso de participação sempre que solicitados e recebiam presentes, cupons, ou mesmo dinheiro pela sua participação.

Isso mudou? Sim, está mudando… A metodologia da pesquisa painel não ficou imune às modernizações, assim como sua aceitação e uso.

Na era digital, a pesquisa painel ganhou espaço, tornando-se um instrumento de economia, rapidez e abrangência na área da pesquisa. O que antes acontecia de forma “analógica”, tradicionalmente com o contato direto entrevistador-entrevistado, passou a ocorrer de forma on line, virtual e instantânea.

Como maior propaganda à pesquisa painel, as empresas de tecnologias e alguns institutos de pesquisa anunciam este serviço apresentando vantagens como maior alcance, baixo custo, rapidez na coleta, maior número de respondentes, melhor distribuição geográfica, resultados em tempo real, dentre outros tantos atributos positivos para escolha deste tipo de pesquisa.

As amostras são montadas a partir da comparação entre dados declarados (no ato de cadastramento do painelista) e dados observados (acompanhamento dos hábitos de navegação, inclusive com a identificação pelo ID ou verificação pelo IP do painelista).

Os painelistas são filtrados como “interessantes” ao estudo, de acordo com características previamente constatadas em suas incursões pela rede e respondem as pesquisas, inclusive qualitativas, de forma on line, em qualquer horário e lugar do mundo com apenas um clique. Nas entrevistas em profundidade, ou mesmo em grupos focais, são analisados semblantes, feições, olhos e faces, através de várias tecnologias disponíveis. Os participantes são gratificados, geralmente, através de bônus trocados ao final de um período.

Mas como tudo tem dois lados, sem questionar a qualidade e a confiabilidade, ou mesmo a eficiência e eficácia (inquestionáveis) e as evoluções confirmadas nesta metodologia, fica apenas uma reflexão: Tudo acontece em tempo real, virtual, abrangente, mas com muito menos “olho no olho”, menos pessoalidade nas relações.

Temos que acompanhar a evolução do mundo, das relações e das tecnologias! Em estudos globais, esta metodologia é muito bem-vinda pois tem um alcance mundial, sem considerar especificidades de públicos ou culturas. O que já não acontece em estudos junto a pequenos grupos, com características distintas e peculiares, que não são contempladas na pesquisa ou consideradas nas análises.

E, claro, esta virtualização não acontece somente nas pesquisas, mas nas relações que temos vivido: profissional ou pessoalmente! Cada vez mais nos comunicamos por telas e por mensagens, através de inúmeros recursos e aplicativos, ao invés de ligações ou encontros pessoais. A “voz” e o “olho no olho”, estão ficando para trás…

Por quais caminhos mais o virtual será capaz de nos levar? Quão mais vamos nos aproximar das telas e nos afastarmos das faces?

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