Política de Privacidade

O comportamento da população na pandemia

A maioria da população brasileira está vivendo em isolamento social, só sai de casa quando é necessário, quando é inevitável (para ir ao supermercado, farmácia e médico). As taxas de isolamento social, monitoradas por pesquisas de opinião ou por georreferenciamento de celulares, indicam que aproximadamente 55% da população está em casa. E os governos têm o propósito de endurecer os decretos estaduais, com o objetivo de chegar a um grau de 70% de isolamento, até o final do mês de abril.

O brasileiro mudou o seu cotidiano, a pandemia impactou na rotina da maioria da população. Segundo a pesquisa do Datafolha, divulgada no início de abril, a maioria da população está em casa! Sendo que 54% dos brasileiros saem de casa somente quando é inevitável, 24% saem de casa para trabalhar, tomando os devidos cuidados. Uma parcela de 18% da população está totalmente isolada, sem sair de casa. Mas como tudo na vida, sempre tem as exceções: 4% dos brasileiros afirmam que “tem tocado a vida normalmente, sem nenhuma mudança de prática.”

A grande maioria da população está preocupada com o vírus, tem medo de ser infectada, mas principalmente de infectar pessoas próximas que são dos grupos de risco. O receio é maior entre as mulheres e a população de risco (idosos, diabéticos, hipertensos, etc).

O tema do coronavírus se tornou tão popular, que alcançou 99% de conhecimento da opinião pública. Até as crianças sabem falar sobre o assunto e sabem que é sério, afinal de contas as aulas foram suspensas e até o Cascão, personagem da Turma da Mônica, tomou banho.

A população acredita que está bem informada sobre o tema, 78% declaram que recebem informações suficientes. Conforme aumenta a escolaridade, se amplia o conhecimento sobre o tema e a capacidade de realizar e indicar soluções de higiene.

Ao contrário, a população de menor escolaridade e renda, tem menos informação e uma menor estrutura de execução e manutenção dos protocolos de higiene: como ter acesso a álcool em gel e, até mesmo água e sabão. Além disso, a população carente, que vive do trabalho informal, sofre com a falta de alimento e condições de manter em dia contas básicas como gás de cozinha, água, luz e aluguel.

A pandemia criou um certo estado de “guerra sanitária”. Não temos certeza sobre o tempo da quarentena e temos muitos medos: medo de ficar doente, medo de não pagar as contas, medo de falir a empresa, medo de perder um parente.

Mas o medo que mais se destaca à maioria dos brasileiros (77%) é o de de ser infectado pelo Coronavírus, sendo que as mulheres têm maior receio do que os homens.  Os 77% que tem medo, se dividem da seguinte forma: 38% tem muito medo e 39% tem um pouco de medo. Mas tem medo!

Temos que ter a consciência de que o medo é o sentimento predominante nesse momento pois está associado ao desconhecido e as incertezas. E tal fenômeno pode ser observado na declaração da opinião pública sobre o risco de contaminação. A maioria afirma que tem informação e que está se cuidando mas, mesmo assim, 81% da população acredita que têm alguma chance de ser infectada (17% acredita ter grande chance, 29% com uma chance média e 35% com uma pequena chance). Cabe observar, ainda, que 16% dos brasileiros acreditam que não tem chance de se infectar e 3% não sabem avaliar.

E assim a população vai vivendo, um dia após o outro, ampliando a sua fé e com a esperança de que tudo isso vai passar. Vamos nos cuidar e tudo ficará bem!

https://www.coletiva.net/colunas/o-comportamento-da-populacao-na-pandemia,355123.jhtml

 

Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Olá Leitor. Nosso material está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais.