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O Natal nosso de cada ano

A palavra Natal está associada etimologicamente ao sentido de nascer, originalmente associada ao nascimento do Deus Sol. Contemporaneamente, no mundo ocidental, o principal significado para Natal está relacionado a narrativa Cristã, que contextualiza o nascimento de Jesus Cristo como salvador.

Na representação simbólica cotidiana da população, o Natal está cada vez mais associado aos enfeites natalinos, as luzes de natal e a imagem do Papai Noel. E esta representação se potencializa ano a ano por ser explorada pelos ambientes comerciais e pela publicidade.

Pesquisas qualitativas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, indicam que quando as pessoas são estimuladas a pensar ou falar sobre o Natal as principais associações simbólicas estão ligadas a saga dos presentes e ao momento em família.

De um lado o final de ano é visto pela sociedade como um momento de muita correria, de ampliação do stress. Quando as lojas começam a enfeitar as vitrines para o Natal dispara um alerta no inconsciente das pessoas, para o fechamento de um ciclo e recomeço de outro. Esta simbologia indica que o fim do ano se avizinha.

Quem estuda se angústia com as provas. Que estabeleceu metas e sonhos faz os cálculos para ver o que atingiu ou irá atingir até a chegada do “bom velhinho”. Uns sonham com o décimo terceiro e outros tem pesadelos com as contas de final de ano, como IPVA, IPTU, matrículas, etc. Muitos contam os dias para as férias com o argumento de que a “bateria está quase no fim”!

O stress também é ampliado pelas compras de Natal ou por aqueles que precisam trabalhar mais em função do movimento do final de ano. E muitos chegam a conclusão de que em dezembro “se gasta mais do que se ganha”.

De outro lado, mesmo que o Natal esteja muito associado ao materialismo e ao comércio, ele traz consigo uma certa magia, que compensa todo o stress e coloca a questão mercenária em segundo plano.

É um momento que se pensa na roupa especial, na casa arrumada, nos presentes, nas integrações de amigo secreto e até na ceia de Natal, com algo especial.

 

Mas a magia está na crença, na esperança, na perspectiva de um amanhã com menos problemas, com menos conflitos, decepções e frustrações. E esta magia se fundamenta na reunião familiar, na integração das pessoas e na coletividade. É o momento em que se pensa menos como indivíduo e mais como família, é o momento que se pensa no outro e nos outros, onde a solidariedade e a generosidade se tornam mais latentes e a emoção atinge até as pessoas mais racionais.

O principal mérito do Natal está associado a capacidade de aflorar e motivar os sentimentos e as reflexões. É o momento em que se pensa mais no amor, no aconchego, na troca de carinho e até mesmo no reencontro e no pedido de perdão. O Natal tem o poder de ativar a empatia e, quando há empatia, há o exercício de se colocar no lugar do outro. Quando nos colocamos no lugar do outro nos tornamos mais condescendentes e até mesmo resilientes.

Mesmo que o Natal seja explorado pelo comércio e associado a coisas tangíveis, na prática o Natal está enraizado no sistema de crenças da sociedade e funciona como uma mola propulsora do bem, ativando o que existe de melhor na sociedade e em cada um de nós.

Desejo que o espírito do Natal esteja presente em cada família, renovando a esperança, a fé, o perdão e o amor. Um Feliz Natal!

 

Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM)

 

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