Mesmo diante de uma imensa crise de representatividade os partidos políticos adotam uma estratégia de “reposicionamento de marca” para tentar melhorar a reputação negativa. Esta estratégia parte do pressuposto de que as siglas partidárias devem ser suprimidas, excluindo o “P” de partido e transformando o nome do partido em um “slogan”, uma palavra que traga algum sentido para o eleitor, como se fosse uma palavra de ordem.
O PFL foi o percussor desta lógica em 2007, se tornando Democratas. Uma década depois, o DEM debate a possibilidade de alterar seu nome para Centro Democrático.
No debate para a exclusão do “P” de partido estão as seguintes propostas:
PTN = que já virou “Podemos”.
PTdoB = Avante.
PSDC = Democracia Cristã.
PSL = Livres.
PMDB = discute voltar a ser “MDB”.
PP = propõe tirar o “P” de partido e deixar apenas o “P” de progressista.
PEN = Patriotas.
Os partidos deveriam ser os principais protagonistas do jogo democrático. Por princípio, são o instrumento de informação e de familiaridade com as ideologias que deveriam balizar os programas de governo. E a ideologia de cada partido deveria estar alinhada com a premissa de cada um de seus candidatos.
Na democracia, que é o governo de muitos, os partidos deveriam manter ideologias coerentes ao longo do tempo e, paralelamente, deveriam ser confiáveis e honestos no cumprimento de suas promessas de campanha. Os partidos deveriam fazer a diferença entre si e todos deveriam visar o bem comum.
O problema não está no “P” de partido, mas no “P” de prática. Os partidos não fazem o que deveriam. E quanto maior for a inconsistência e fragilidade dos partidos políticos, maiores serão as relações entre os eleitores e as lideranças políticas visando interesses próprios, culminando na manutenção do clientelismo e na ampliação do personalismo político.
Os partidos precisam se preocupar menos com o nome e mais com a sua essência, com a reconstrução de suas ideias. Se os partidos querem se preocupar com um “P”, que se preocupem com o “P” de propósito!