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Os sentimentos do eleitor

Em meu artigo anterior, descrevi o comportamento dos eleitores que tendem a votar em Bolsonaro e Lula, motivados pela preferência ou apenas pela negação do outro. A negação é uma intenção de voto baseada na rejeição, que estimula o eleitor a votar em quem ele considera como “menos pior”, tentando evitar que o “pior” se eleja.
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O debate da eleição de 2022 foi antecipado em função da obtenção dos direitos políticos do Ex-Presidente Lula e pela perspectiva de campanha permanente estimulada pelo Presidente Bolsonaro. Como exemplo, neste último dia 12/06 a mídia divulgou que o Presidente Bolsonaro fez uma “motociata”, uma passeata de motocicletas com apoiadores políticos que percorreram 139 km na cidade de São Paulo. Para tanto, o Presidente utilizou um sistema de segurança com 6.300 policiais, 600 viaturas e teve o apoio de drones e aeronave com um custo de operação de R$ 1,2 milhão e terminou fazendo um discurso contra a utilização de máscaras.
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Além dos movimentos e discursos que caracterizam uma campanha política eleitoral permanente entre dois polos ideológicos distintos, as pesquisas de intenção de voto também estão sendo regularmente divulgadas, mostrando a polarização entre os dois candidatos.
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Essa antevisão da eleição mobiliza os posicionamentos e discursos dos pré-candidatos, as matérias jornalísticas, os comentários dos formadores de opinião e as conversas e debates entre os eleitores, em especial, nas redes sociais.
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No meio desse contexto de disputa antecipada está o eleitor, vivendo uma grande pandemia e externando todos os sentimentos possíveis nas redes sociais e nas pesquisas de opinião.
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Os estudos qualitativos realizados pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião identificaram quatro tipos de sentimentos que se destacam, caracterizando o humor do eleitorado para essa polarização:
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O primeiro grupo é composto pelos radicais e/ou intolerantes (que acreditam que a sua visão de mundo tem as melhores soluções). São porta-vozes de um dos extremos e mantêm ativos os embates nas bolhas digitais. Alguém postou, eles irão comentar ou atacar. Esse grupo é composto por representantes de Bolsonaro, de Lula, ou simplesmente por aqueles que odeiam de forma contundente os dois, mostrando o ódio a toda classe política.
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O grupo dos indignados ou preocupados se mantém informado sobre o contexto, filtrando boa parte das informações, buscando um juízo de valor próprio. Estão cansados do noticiário e dos discursos políticos antecipados. Evitam se pronunciar nas redes sociais, mas elaboram sua análise política, têm uma opinião sobre o tema.
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A camada dos atônitos ou apáticos, mais observa do que se informa. Se assustam com as brigas que observam nas redes sociais e não querem saber desses debates extremistas, de quem está certo ou errado. Esperam por soluções que visem um projeto de Estado. Estão cansados dos problemas e esperam por soluções. Não querem saber quem é o culpado!
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Os apartados políticos não acompanham o debate político e não conversam sobre política. Na prática, se preocupam com a sua sobrevivência básica e não confiam nas instituições. São os mais desiludidos e tendem a responder a campanhas populistas.
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Para os eleitores, as brigas políticas não contribuem com o país, muito menos aquelas que visam os interesses ou as ideias radicais de um grupo ou partido.

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