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Se não gostamos de política, como podemos mudá-la?

Os políticos eleitos são os responsáveis por ações e decisões do cotidiano da política brasileira, como desenvolver políticas públicas, programas de governo e elaborar ou mudar leis que impactam na nossa vida.

Na prática, é a política que decide se haverá subsídio para os combustíveis, se haverá financiamentos para casa própria, se seremos obrigados a comprar um kit de primeiros socorros para o nosso carro, quando iremos nos aposentar, se as mulheres terão direito ao aborto ou se haverá pena de morte no Brasil.

Os políticos eleitos decidem a política e a política nos diz o que podemos ou não fazer! O que é certo e o que é errado, o que é crime e o que não é. Inclusive, são os políticos que definem as leis que ‘não pegam’, que não são cumpridas por estarem distantes da realidade social, da vida cotidiana. Um exemplo de ‘lei que não pega’ é a da pirataria: vender produtos falsificados é crime, mas esses produtos continuam sendo comercializados nas ruas principais de cada cidade.

Se a política é vital para nossa organização social, a grande pergunta é como a sociedade se relaciona com a política?

Quando questionado sobre o hábito de conversar sobre política, o gaúcho se divide: metade não tem o hábito de conversar sobre política e a outra metade conversa, mesmo que de vez em quando.

E quando se trata de política, governo, partidos e eleições, 2/3 dos gaúchos não têm interesse sobre o tema. Sendo que 1/3 dos gaúchos se considera descrentes (não acreditam na política e nos políticos e tendem a votar branco, nulo ou se abster nas próximas eleições).

Aqueles que fazem as duas coisas: os que têm interesse por política e o hábito de conversar sobre política são caracterizados como formadores de opinião, que representam apenas 10% do Estado. Entre o perfil deste grupo se destacam os homens e as pessoas com mais escolaridade e renda. Quanto maior o acesso à informação, maior o interesse por política.

Os formadores de opinião têm opinião sobre a política que querem e a que não querem, têm crença, ideologia e princípios. É um grupo que reflete, debate, critica e influencia as pessoas que os cercam.

Mas quem decide o processo eleitoral não debate sobre o assunto, não se envolve com o tema e nem gosta de falar sobre política. Mais da metade dos gaúchos se declara sem ideologia (tanto faz se um partido é de direita ou de esquerda), acreditam na pessoa do candidato, observam o seu discurso e se está alinhado à sua demanda momentânea. Para este eleitor não há problema em votar em um candidato do PSDB para presidência e em um candidato do PT para governador.

A atual conjuntura de distanciamento e descrença com a política está associada à história política do Brasil: a forma como a participação política foi ou não foi instituída e o papel da educação ou vice-versa (pois um influencia o outro).

A política precisa estar presente nas primeiras instituições sociais, como família e escola, e a sociedade precisa ter claro o seu papel neste processo. Mas não se cria um hábito sem um gatilho e uma rotina. O gatilho se dá pelo entendimento, pela compreensão de que a política é transformadora se formos partícipes deste processo. E o hábito se dá a partir da participação, do envolvimento em torno do bem comum, da causa coletiva.

O ser humano é caracterizado por sua capacidade de pensar e intervir na realidade que o circunda. Política é crença e crença forma valores.

https://www.coletiva.net/colunas-/se-nao-gostamos-de-politica-como-podemos-muda-la,279256.jhtml

Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br

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