Política de Privacidade

Segurança para quê e para quem?

Dados das pesquisas de Vitimização realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, em Pelotas e Porto Alegre, em 2017 demonstraram que 4,6% e 5,9% da população acima de 16 anos havia sido vítima de algum crime[1] no último ano, respectivamente.

As informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul apresentadas no balanço do primeiro trimestre (janeiro a março) do ano de 2018 indicavam que em Porto Alegre 174 pessoas haviam sido assassinadas e em Pelotas 35 pessoas.

Diuturnamente a mídia off (televisão, rádio e jornal) e on (plataformas digitais) nos apresentam outros dados ainda mais alarmantes, com os registros de homicídios, latrocínios, roubos, furtos, enfim… uma sequência de informações que aumentam as estatísticas e corroboram a ampliação da sensação de insegurança, e a percepção da carência da ação do estado, como agente responsável pelo provimento e manutenção dos serviços públicos.

A população, neste mesmo cenário, com sentimento de frustação e indignação pela situação da segurança pública e debates sobres a falta de política públicas alinhadas para enfrentamento do problema, que altera a rotina da sociedade em todas as suas áreas (social, econômica e política), em meio a uma das maiores greves que esse país já enfrentou, impulsionada pelos caminhoneiros, ouve-se o chefe das forças de segurança do Estado dizer que havia encaminhado mais de mil escoltas para liberar as rodovias para passagem de combustível, água, alimento, chamando efetivo para combater as paralisações dos caminhoneiros.

Ora, a população, que em sua maioria apoia as manifestações (70% dos gaúchos) e apoiou a greve dos caminhoneiros (mesmo sentindo os reflexos da paralisação) se pergunta: não há efetivo ou ação/mobilização das forças policiais para o combate ao crime, aos relatos de violência diária que fomentam a sensação de insegurança, mas como há efetivo para a convocação de todas as forças policiais para impedir a continuidade da paralisação?

Se as instituições têm capacidade de articulação para criar comitês de crises, nas cidades, nos estados, no país e agir com rapidez e presteza para defender os interesses dos governos, a população espera que tenham para atuar e garantir os interesses da sociedade, na criação e manutenção de políticas públicas efetivas.

Se os agentes públicos podem promover a integração dos setores e atuar com inteligência para manutenção da ordem pública, a população espera que possam promover a ampliação do capital social (integração, identidade, igualdade, solidariedade e sentimento de comunidade) dos líderes e da população para manutenção da segurança pública. Afinal a segurança é para quê e para quem mesmo?

 

[1] Análise da média dos que responderam que sofreram o crime nos últimos 12 meses em cada cidade: Furto de veículo automotor; Roubo de veículo automotor; Furto objeto de valor; Roubo objeto de valor; Sequestro; Fraude cartão de crédito; Fraude pela internet; Golpe celular; Golpe dinheiro falso; Outro tipo de fraude; Ameaça de morte; Agressão física; Ferimento à faca; Ferimento à bala; Discriminação; Relação sexual contra a vontade.

 

Gisele Rodrigues, gerente de pesquisas do IPO, é a cientista social que conhece holisticamente o processo de investigação. Gerencia a equipe em termos de planejamento, execução e análise. Com mais de uma década de experiência em pesquisa, já coordenou os mais variados projetos quantitativos e qualitativos.

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